Nota: Estou compilando as notas das minhas leituras como publicações exclusivas. Se você gostar dessa edição, gostaria de pedir seu apoio ao Puxadinho. Isso me ajuda a abrir espaço na agenda pra continuar trazendo estudos e outras das minhas obsessões pra você. :)
Esse texto é parte dos benefícios para apoiadores e vai ficar restrito em alguns dias.
Todo mundo conhece o Austin Kleon por causa de um livrinho cheio de rabiscos, o Roube Como um Artista. É bem provável que em algum lugar da sua estante tenha uma cópia que você comprou ou ganhou de alguém. É exatamente o meu caso.
Mas, um pouco menos popular — embora nem tanto —, também tenho na minha estante o Mostre Seu Trabalho. Depois de ler o The Wave In The Mind, da Ursula K. Le Guin; e o The Starting Point, do Miyazaki, tomava meu café e, de longe, as letras amarelas da lombada do livrinho do Austin Kleon saltaram aos meus olhos. Coincidentemente, ou não, eu estava produzindo meu workshop de Autoedição e, por isso, o tema me pareceu bastante oportuno.
O Mostre Seu Trabalho é um livro que, na minha opinião, tem bastante potencial para ser útil se você for como eu: uma pessoa apaixonada por arte e, ao mesmo tempo, com um certo bloqueio para colocar a cara no mundo e vender.
Eu, confesso, sou cheio de preconceitinhos com o pensamento publicitário. Quando vejo alguém tentando me empurrar um produto, sou o primeiro a pular fora. São raros os artistas (ou produtores de conteúdo) que, na minha opinião, conseguem acertar o equilíbrio, oferecendo algo legítimo sem soar como se estivessem forçando uma Tekpix goela abaixo. Talvez, por isso, eu tenha tanto receio de tatear esse território. É o famoso medo de me tornar aquilo que mais odeio.
Algo que me pegou na leitura é o fato de que o livro tem um tom super estadunidense na forma de ensinar. Por isso, é estruturado como uma lista de dicas e carrega um jeito de dizer, com uma forma de pensar meio empreendedora que me dá um rancinho. Ao mesmo tempo, não sou do tipo que joga fora a água do banho com o bebê junto. Então, decidi encarar assim mesmo e separar o joio do trigo.
Fico feliz que dei a chance. Li o livro anos atrás, mas abordar um escrito com a ideia de estudá-lo é totalmente diferente. No final das contas, apareceram várias ideias bem legais que me acenderam fagulhas positivas.
Então, aqui embaixo vai algumas citações que achei preciosas — com comentários — e que compartilho no espírito de que sejam úteis por aí também.
Para quem odeia autopromoção
“Eu odeio falar sobre autopromoção. O comediante Steve Martin é conhecido por se esquivar dessa pergunta com um conselho: ‘Seja tão bom que não vão te ignorar.’ Se apenas focar ser realmente bom, diz Martin, as pessoas irão até você. Fico feliz em concordar: você não precisa achar o público para o seu trabalho, ele vai achar você.
No entanto, não basta ser bom.
Antes de querer ser encontrado, você precisa ser encontrável. Eu acredito que exista uma maneira fácil de expor seu trabalho e fazer com que ele seja descoberto enquanto você se mantém focado em ser muito bom naquilo que faz.”
Quando você fica um certo tempo em qualquer espaço, começa a conhecer as pessoas que frequentam esse espaço. Não é diferente com o Substack. Logo de cara, chama bastante atenção o tanto de gente incrível que existe por aqui, mas como em qualquer outra rede, o passo seguinte é conhecer as pessoas-não-tão-legais. Em geral, uma das críticas fáceis é que tem gente se autopromovendo demais, tentando vender cursos ou sei-lá-o-quê.
Eu entendo a crítica, de coração. Como falei ali em cima, tem um equilíbrio difícil de se conseguir, na arte de tocar as pessoas com um trabalho feito de forma autêntica sem deixar de oferecer algo que vai colocar o feijão no prato.
A forma como o Austin Kleon coloca essa questão, aqui, é bem interessante. Como um bom bicho-do-mato, sei como é ter o pensamento de que um milagre vai acontecer e seu trabalho vai romper a barreira da viralização pela graça do meu belo sorriso. Lógico que não vai. A chave está na expressão “ser encontrável”.
Se você, como eu, tem probleminhas com a ideia de divulgar o próprio trabalho, começar a colocar a cara no mundo com frequência com o pensamento de se tornar encontrável pode ser um bom começo.
Outro ponto importante dentro do tema está na citação abaixo, sobre compartilhar.
“Quase todas as pessoas que admiro e que me inspiram hoje em dia, em qualquer profissão, colocaram o ato de compartilhar em sua rotina. Essas pessoas não estão badalando em festas e lançamentos, estão ocupadas demais para isso. Elas estão trancadas em seus estúdios, laboratórios ou cubículos, mas não mantêm seus trabalhos em segredo; elas mostram seus projetos e constantemente postam pistas do que estão fazendo, suas ideias e aprendizados na internet. Ao invés de gastar tempo fazendo contatos, estão tirando proveito dessa rede.
Com a partilha generosa de suas ideias e seus conhecimentos, elas geralmente ganham um público ao qual podem recorrer quando precisam - para apoio, opiniões ou patrocínio.”
Normalmente, quando penso em divulgar meu trabalho, vem em mim um sentimento de que estou sendo egoísta, como se fosse algo que faço apenas pra mim, pra lucrar.
Mas o fato é que, sob um certo ponto de vista, posso dizer que não compartilhar e não criar circunstâncias para que as pessoas encontrem as ideias e palavras que considero importantes, é uma forma ainda mais profunda de egoísmo. Se eu tenho algo valioso, é importante passar pra frente, para que todos também possam usufruir.
Encontre uma cena
“Existe uma maneira mais saudável de se pensar a criatividade, à qual o músico Brian Eno se refere como ‘cena’. Neste modelo, grandes ideias são frequentemente geradas por um grupo de indivíduos criativos — artistas, curadores, pensadores, teóricos e outros incentivadores — que formam um ‘ecossistema de talentos’. Se você examinar a história com atenção, muitas das pessoas que consideramos gênios solitários eram na verdade parte de "uma cena onde havia apoio, troca, exibição de trabalhos, cópias, roubo de ideias e contribuições também". A cena não diminui as realizações daqueles grandes indivíduos, mas reconhece que um bom trabalho não é criado em um vácuo e que a criatividade é sempre, de alguma maneira, uma colaboração, um resultado de uma mente conectada a outras mentes.
O que eu adoro na ideia de cena é que ela abre espaço na história da criatividade para todos nós: pessoas que não se consideram gênios. Ser uma parte valiosa da cena não está relacionado necessariamente com sua esperteza ou talento, mas sim com o que se tem para contribuir — as ideias compartilhadas, a qualidade das conexões feitas, as conversas puxadas. Se esquecermos a genialidade e pensarmos mais em como podemos nutrir e contribuir para a cena, podemos ajustar nossas próprias expectativas e as dos universos que queremos que nos aceitem. Podemos parar de perguntar o que os outros poderiam fizer por nós e começar a nos perguntar o que poderíamos fazer pelos outros.”
Uma cena é, basicamente, um grupo de pessoas com interesses em comum dentro de uma certa área de atuação. É uma denominação mais comum na música, onde você precisa de organizadores de eventos, produtores, donos de casas e, claro, músicos que tocam diversos instrumentos. Então, esse conjunto de pessoas que movimentam a música em uma certa área ou período é chamado de “cena”.
Eu acho esse aspecto muito importante. É 10x mais difícil fazer algo sozinho, simplesmente porque ninguém sabe tudo.
Encontrar pessoas com paixões similares, que movimentam trabalhos interessantes é inspirador. Ao ver os outros colocando as coisas pra frente, você começa a ter acesso a certas conversas e ideias que ajudam no seu próprio processo. Achar uma turma é uma das melhores partes do processo criativo.
Amadores
“Amadores não têm medo dos erros ou de parecer ridículos em público. Eles estão apaixonados, logo não hesitam em fazer trabalhos que outros achariam bobos ou simplórios.
‘O ato mais estúpido de criatividade ainda é um ato criativo’, escreveu Clay Shirky no seu livro Cognitive Surplus. ‘No espectro do trabalho criativo, a diferença entre o medíocre e o bom é ampla. A mediocridade está, entretanto, no espectro; é possível deixar de ser medíocre e se tornar bom aos poucos. O verdadeiro vão está entre não fazer nada e fazer algo.’ Amadores sabem que contribuir com algo é melhor do que não contribuir com nada.”
Ultrapassar a barreira do medo de passar constrangimento público com o próprio trabalho criativo é super difícil. Falo por experiência própria. Cada passo que dou tem um algum nível de tensão e reflexão sobre isso.
Mas aceitar que o primeiro texto/música/poema/desenho não vai ser o melhor ajuda bastante. E, depois, a graça está em compartilhar aquilo que nos deslumbra. Se gosto de escrever, nada mais justo do que tentar conectar com quem gosta de ler.
Se compartilho, a magia é o processo, comemorar as evoluções e os aprendizados com quem acompanhou o meu caminho.
“A melhor maneira de começar o caminho para mostrar o seu trabalho é pensar no que você gostaria de aprender e se comprometer a mostrar este aprendizado na frente dos outros. Ache uma cena, preste atenção no que os outros estão compartilhando e então comece a reparar no que não estão compartilhando. Esteja à procura de espaços vazios que você consiga preencher com o próprio esforço, não importa o quão ruim você seja no início. Não se preocupe, pelo menos agora, em como fará dinheiro ou construirá uma carreira a partir disso. Esqueça por um momento a ideia de ser um especialista ou profissional e vista a carapuça de amador (sua paixão, seu coração).
Divida o que ama e atrairá as pessoas certas.”
Novamente, a conexão entre divulgar seu trabalho e a qualidade mental da generosidade é inspirador e ajuda a destravar. Posso afirmar que publicar no Puxadinho me traz uma experiência que corrobora com a tese de que dividir o que ama atrai as pessoas certas. Sou muito grato pelas pessoas com quem tenho conversado graças aos textos que publico. :)
Encontrando a própria voz
“Sempre nos falam para encontrar nossa própria voz. Quando eu era jovem, não entendia direito o que isso queria dizer.
Eu me preocupava muito com essa tal voz, desejando encontrar a minha. No entanto, agora percebo que a única maneira de encontrar a voz é praticando. É instintiva, então a faça aparecer. Fale sobre as coisas que lhe interessam. Sua voz com certeza irá surgir.”
Isso.
Faça coisas
“Como você pode mostrar o seu trabalho mesmo que não tenha nada para mostrar? O primeiro passo é fazer um levantamento dos rascunhos e itens descartados ao longo do processo e colocá-los em um formato interessante que seja possível compartilhar. Você tem que transformar o invisível em algo que os outros possam ver. Quando perguntaram ao jornalista David Carr se tinha algum conselho para dar para estudantes, ele respondeu: ‘Você tem que fazer coisas. Ninguém vai se importar com o seu currículo; eles querem ver o que você fez com seus próprios dedinhos.’”
Este texto que você está lendo é parte desse insight na minha rotina criativa. Eu estou o tempo inteiro estudando coisas do tipo, mas normalmente guardava pra mim. Agora, estou aqui, compartilhando com você e, ao mesmo tempo, preenchendo meu calendário de publicações. Todo mundo ganha. ;)
Compartilhando algo do seu processo
“Todo dia, quando terminar de trabalhar, volte para seus registros e encontre algo do seu processo que possa dividir.
Onde você estiver no processo irá determinar o que será compartilhado. Se estiver no início, fale de suas influências e do que o inspira. Se estiver no meio da execução de um projeto, escreva sobre os seus métodos ou compartilhe o progresso do trabalho. Se você acaba de completar um projeto, mostre o resultado final e o que foi deixado de lado, ou escreva sobre o que aprendeu. Se você tem vários projetos acontecendo, pode reportar como estão sendo desenvolvidos - é interessante também contar histórias de como as pessoas interagem com seu trabalho.”
Eu ainda não encontrei uma forma muito efetiva de fazer isso com a escrita, uma vez que a maior parte do trabalho é bem chata para quem está de fora e os rascunhos (ao menos os meus) não fazem muito sentido. Ainda assim, acho a reflexão extremamente pertinente e estou aguardando o momento que vou encontrar o que fazer com essa ideia.
Sobre o tempo para criar
“Não diga que você não tem tempo suficiente. Todos somos ocupados, mas todos temos 24 horas no nosso dia. As pessoas geralmente me perguntam: ‘Como você encontra tempo para tudo isso?’ E respondo: ‘Eu procuro.’ Você encontra tempo no mesmo lugar em que encontra moedas soltas: nos cantos e frestas. Você encontra nas lacunas entre as coisas importantes — em seu trajeto para o trabalho, na hora do almoço, nas poucas horas depois de os filhos terem ido dormir. Você talvez tenha que perder um episódio do seu programa de televisão favorito, talvez precise perder uma hora de sono, mas conseguirá encontrar tempo se procurar por ele. Gosto de trabalhar quando o mundo está dormindo e compartilhar quando o mundo está trabalhando.”
Tema sensível. A luta por tempo para lazer, criatividade, relações, etc, é das mais ferrenhas. Quando você tem responsabilidades como filhos, então, fica ainda mais difícil. Ainda assim, é outra reflexão pertinente. Gosto da ideia de procurar tempo nas frestas. Hoje, muitas vezes, crio assim: entre uma reunião e outra, antes de começar a trabalhar, um pouco depois de jantar… e assim vou levando.
Meu melhor amigo é o método Pomodoro. Eu, um timer, 25 a 50 minutos de foco. Escrevo o que vier na minha cabeça dentro do tempo e, depois, vou juntando os pedaços até ter o que preciso para montar um Frank — o jeito carinhoso como chamo meus Frankensteins.
Como sempre, fica a ressalva de lembrar de parar e se tratar também com amorosidade, respeitando os momentos de pausa. Trazendo uma anedota do mundo fitness para cá, vale lembrar que “descanso é treino”.
Organizando sua produção criativa
“‘Estoque e fluxo’ é um conceito econômico que o escritor Robin Sloan adaptou como uma metáfora para a mídia: ‘Fluxo é o feed de notícias. São os posts e os tweets. É o fluxo de atualizações diárias, ou mais frequentes, que lembram as pessoas que você existe. Estoque é o material durável. É o conteúdo que produz, que é tão interessante hoje quanto em dois meses (ou dois anos). É o que as pessoas descobrem através da pesquisa. É o que se espalha devagar e sempre, criando fãs ao longo do tempo.’ Sloan fala que a formula mágica é manter o seu fluxo contínuo enquanto trabalha no seu estoque nos bastidores.”
Essa é para anotar e lembrar sempre. Também é outro princípio que estou, lentamente, adotando no meu trabalho.
Caso queira saber mais, escrevi um texto que mistura essa teoria ao que ensina o Jack Conte num post que ensina a estruturar seu projeto criativo. Nesse texto, eu entrego o ouro. Recomendo de coração.
O escritor e sua coleção de tesouros
“Todos temos coleções de tesouros. Podem ser gabinetes físicos de curiosidades, digamos, estantes na sala cheias de nossos livros, discos e filmes favoritos, ou mais intangíveis, como museus de afeto, nossos crânios repletos de memórias de lugares que visitamos, pessoas que conhecemos, experiências que acumulamos. Todos carregamos coisas estranhas e maravilhosas que encontramos enquanto fazemos nosso trabalho e vivemos nossas vidas. Esses cadernos de anotações mentais formam nosso gosto, e nosso gosto influencia nosso trabalho.
A diferença entre coletar e criar não é tão grande quanto parece. Muitos dos escritores que conheço veem o ato de ler e o de escrever como atividades opostas, mas do mesmo espectro: a leitura alimenta a escrita, que alimenta a leitura.
‘Eu basicamente sou um curador’, disse o autor e ex-livreiro Jonatham Lethem. ‘Escrever livros sempre teve uma ligação com minha experiência de livreiro, a de querer chamar a atenção das pessoas para as coisas de que eu gostava, de moldá-las em novas formas.’”
Há um tempo, publiquei uma citação do Umberto Eco que dialoga com essa visão.
Sobre os guardiões do bom gosto
“Todos amamos alguma coisa que outras pessoas acham um lixo. Você tem que ter a coragem de continuar amando seu lixo, porque o que nos torna únicos é a diversidade e amplitude de nossas influências, as maneiras únicas pelas quais misturamos as partes da cultura que outros consideraram ‘alta’ e ‘baixa’.
[…]
Quando compartilha seu gosto e suas influências, é necessário ter estômago para lidar com isso. Não ceda à pressão de se tolher demais. Não seja o mané na loja de discos discutindo sobre qual é a banda punk mais ‘autêntica’. Não tente ser moderno ou legal. Seja aberto e honesto em relação ao que gosta, porque isto atrairá pessoas que gostam dessas coisas também.”
Eu acho importante buscar o refino do próprio gosto, aprender sobre o que é clássico, reconhecido, histórico, etc. Mas não acho que seja necessário se privar de uma farofa de vez em quando para entrar para o clubinho blasé. Da mistura do blasé com a farofa dá pra sair bastante coisa interessante. Depende de quem ousar colocar tudo na mesma panela.
Qualidade na conexão
“Pare de se preocupar com a quantidade de seguidores que você tem na internet e comece a se preocupar com a qualidade deles. Não desperdice seu tempo lendo artigos sobre como obter mais seguidores. Não perca minutos preciosos seguindo pessoas só porque você acha que isso vai te levar a algum lugar. Não fale com pessoas com quem não quer falar, nem converse sobre coisas pelas quais não tem interesse.”
Aqui, o Austin Kleon se refere às pessoas que constroem relações falsas, movidas apenas por interesse próprio. Poucas coisas são tão estranhas quanto ser abordado por alguém que você sabe que quer obter alguma vantagem por estar ao seu lado. Na relação online com as pessoas no nível de criador-audiência isso também acontece.
Todo mundo conhece a cara do conteúdo enlatado ou de uma ideia colocada em prática exclusivamente para fisgar sua atenção e impulsionar números. Eu, ao menos, acho péssimo quando vejo um texto ou vídeo feito em cima de uma formulinha pra “dar certo”.
Esse é um dos motivos, entre muitos outros, para não seguir dicas sobre como ganhar seguidores, fazer seu perfil crescer e ganhar milhões na internet. A relação já começa esquisita e tende a não ser muito sólida.
“É realmente verdade que tudo na vida é questão de conhecer as pessoas certas. Porém, quem você conhece depende de quem é e do que faz. Conhecer as pessoas certas não leva a nada caso você não esteja fazendo um bom trabalho.
‘Contatos não significam nada’, diz o produtor musical Steve Albini. ‘Nunca fiz nenhum contato que não fosse uma consequência natural do que eu já estava fazendo de qualquer maneira.’ Albini lamenta quantas pessoas perdem tempo e energia tentando fazer conexões em vez de melhorar seu trabalho. ‘Ser bom no que faz é a única maneira de se tornar influente e fazer contatos.’”
Como o Substack é relativamente novo e, especialmente no Brasil, ainda está se estabelecendo, comentários sobre panelinhas, gurus, donos da rede, etc, pipocam aqui e ali.
Como músico e pessoa que muda de cidade de vez em quando, já observei algumas cenas e vi isso acontecendo outras vezes. Com base nisso, posso dizer que esse tipo de comentário não ajuda em nada e, na verdade, só atrapalha. Abordar uma pessoa de mais experiência e sucesso relativo com a expectativa de que ela facilite o seu trabalho ou a sua entrada na mesma cena é só ingenuidade. Acredite, é bem difícil sustentar a sua própria presença mesmo se você já tiver algum renome. A real é que está todo mundo na luta.
É óbvio que é positivo criar relações com as pessoas que fazem o mesmo que você, mas isso normalmente só acontece de um jeito legal se você for a pessoa ao lado fazendo algo interessante. Assim, se torna natural que outras pessoas queiram conhecer mais sobre quem fez algo que elas gostaram.
O trabalho vem primeiro, os contatos depois.
Não alimente os trolls
“Porque, é claro, o pior troll é aquele que vive na sua cabeça. É a voz que diz que você não é bom o suficiente, que você não presta, que nunca será ninguém. É a voz que me disse que eu nunca escreveria uma só palavra depois de ter me tornado pai. Uma coisa é ter um troll em seu cérebro, outra diferente é ter um estranho segurando um megafone aos gritos.”
Eu não sei se as pessoas ainda falam isso, acho que não. Mas existia na época dos blogs e do G1 com comentários (um dos círculos do inferno segundo Dante) a expressão “não alimente os trolls”. É um jeito de dizer que a internet pode ser um lugar maravilhoso e, ao mesmo tempo, o exato oposto. A moral da história é que, ao se deparar com pessoas que tiram prazer de destruir qualquer possibilidade de diálogo racional, a melhor alternativa é não se relacionar. Bloquear, banir, ignorar sumariamente.
Dado o contexto, achei muito interessante usar essa analogia para aquela vozinha maldosa que insiste em julgar e detonar tudo que a gente tenta fazer de coração. E a sugestão dele para lidar com ela é a mesma com a qual se tratava um troll de G1. Parece justo.
O follow é uma traição à promessa original do Substack
Texto bem legal que detalha como o Substack vem se afastando da sua promessa inicial para incorporar tendências das redes sociais que prejudicam a relação criador-audiência. Seja você um criador ou leitor aqui no Substack, vale a leitura.
Infelizmente, em inglês, mas não tem nada muito rebuscado. Dá para ativar a tradução do navegador e ler em português tranquilamente. :)
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Então, você já sabe o caminho:
Gosto demais do que você escreve, consistentemente, e costumo encerrar a leitura me sentindo mais sábia. Este de hoje vou reler com o caderno de anotações do lado 🙂
Obrigada por compartilhar!
nossa, agradeço demais também por compartilhar suas reflexões e dicas valiosas! fiquei muito interessada pelo livro! :)