Busted! Você me pegou com essa frase e com o texto todo, porque eu sou a rainha de me sentir perdida e sozinha na minha ausência de regras. É ausência mesmo ou é falta de conhecimento?
Não é de todo consciente, mas eu posso dizer que talvez essa arrogância de achar que eu dou conta acabou se casando com a mãe de todas as preguiças.
Lendo seu texto pensei nos escritores que se aproximam da oralidade. Carolina Maria de Jesus, por exemplo, não tinha domínio da técnica, mas tinha uma voz, um corpo literário e político para narrar. Lembro que fiz uma oficina literária e na hora de escrever fiquei meses bloqueado, com medo de "ferir" alguma técnica. Isso aconteceu porque um colega e o professor começaram a brigar por algo que escrevi rsss. Depois do trauma, pude fruir melhor. Obrigado pelo texto sempre lúcido.
Quando penso em oralidade, lembro que as tradições de contadores de história podem não ter técnicas no mesmo sentido da teoria musical, mas eles tem um jeito de fazer as coisas. A história não é entregue de qualquer jeito. É uma discussão longa e repleta de nuances que me fascina bastante. :)
Maravilhoso texto! Vou procurar o The Wave In The Mind, fiquei super curioso. Estou para começar o Steering The Craft, também da Le Guin. Uma gigante compartilhando conhecimento.
Que bom que vc curtiu, Roberta! Vamo pro workshop de edição? Não vejo a hora de poder conversar com mais gente apaixonada sobre essas coisas da escrita. :)
Esse ranço que muita gente tem de aprender técnicas me parece se aplicar não apenas à arte. Como professora de inglês, luto para mostrar aos alunos que a parte teórica do estudo visa tornar clara a comunicação, mesmo que "apenas" verbal. Boa parte deles acha que gramática é só um monte de regras chatas que só se aplicam a quem quer escrever ou lecionar.
Como sempre, Luri, seus textos trazem reflexão e assim fazem com que eu sinta menos culpa por estar aqui procrastinando :)
Um aspecto que eu não achei espaço pra colocar no texto mas que fica implícito na fala da Úrsula é que a técnica, com o tempo, vira intuição. Ela enriquece esse processo que parece automático e que as pessoas ficam tão fascinadas quando pensam no fazer artístico.
Exato, precisamos de tempo e de prática para tirar da cabeça duas falácias: a de que aprender uma habilidade é algo "pra quem leva jeito" e de que arte é criada do nada.
A necessidade de teoria musical está [provavelmente] num gradiente, onde '0' é o tambor do xamã e '100' é uma sinfonia de Mozart, Beethoven ou Villa-L9bos [ou outros expoentes da música sinfônica].
Sou músico autodidata e vivi anos na mesma “arrogância” que você. O estudo teórico mudou tudo!
Mas gostaria de trazer um aspecto diferente pra discussão.
Sou desenvolvedor de software e percebo no mercado uma tendência similar: o foco é no fazer e não no entender.
Todo o marketing da minha área tem foco em cursos rápidos que levam de A a B rapidamente, sem fundamentação nenhuma. São úteis, mas seu conhecimento e sua carreira passam a ser uma colcha de retalhos, e isso logo se torna aparente.
Meu medo é que isto esteja se tornando o padrão em todas as áreas, como um reflexo da sociedade.
Eu gosto muito de pensar na ideia de ofício, na escrita como ofício, e como ser apaixonado por esse fazer não é contrário a se aperfeiçoar. Na verdade, se amamos algo, queremos nos aproximar disso, conhecer mais, ver outras facetas. Estudar e aprender são formas de amar um ofício também. :)
não dá para subverter a técnica sem conhecê-la.
Acho que até rola a pessoa ter uma intuição e chegar a uma solução diferente, mas aí podemos também chamar de acidente. hahaha
Cof! Arrogância Cof!
Busted! Você me pegou com essa frase e com o texto todo, porque eu sou a rainha de me sentir perdida e sozinha na minha ausência de regras. É ausência mesmo ou é falta de conhecimento?
Não é de todo consciente, mas eu posso dizer que talvez essa arrogância de achar que eu dou conta acabou se casando com a mãe de todas as preguiças.
Obrigada pelo soco no estômago.
Nossa, se eu fosse calcular o tanto de tempo que perdi com arrogância nessa vida… hahaha
Pegar algo mais teórico, de estudo, sempre me ajuda a destravar. É um truque que uso bastante. :)
Lendo seu texto pensei nos escritores que se aproximam da oralidade. Carolina Maria de Jesus, por exemplo, não tinha domínio da técnica, mas tinha uma voz, um corpo literário e político para narrar. Lembro que fiz uma oficina literária e na hora de escrever fiquei meses bloqueado, com medo de "ferir" alguma técnica. Isso aconteceu porque um colega e o professor começaram a brigar por algo que escrevi rsss. Depois do trauma, pude fruir melhor. Obrigado pelo texto sempre lúcido.
Quando penso em oralidade, lembro que as tradições de contadores de história podem não ter técnicas no mesmo sentido da teoria musical, mas eles tem um jeito de fazer as coisas. A história não é entregue de qualquer jeito. É uma discussão longa e repleta de nuances que me fascina bastante. :)
Tenho enrolado há meses para voltar a estudar música e esse texto foi o chute na bunda que faltava.
Que legal! :)
Falei em outro comentário por aqui que estudar sempre me ajuda a ter um novo gás pras coisas. Gosto muito.
Maravilhoso texto! Vou procurar o The Wave In The Mind, fiquei super curioso. Estou para começar o Steering The Craft, também da Le Guin. Uma gigante compartilhando conhecimento.
Eu sou apaixonado pelos livros de ensaios dela. No momento tô com o "Sem tempo a perder" me revirando de cabeça pra baixo. Bom demais.
Essa edição foi uma aula! 👏🏻👏🏻👏🏻
Que bom que vc curtiu, Roberta! Vamo pro workshop de edição? Não vejo a hora de poder conversar com mais gente apaixonada sobre essas coisas da escrita. :)
Esse ranço que muita gente tem de aprender técnicas me parece se aplicar não apenas à arte. Como professora de inglês, luto para mostrar aos alunos que a parte teórica do estudo visa tornar clara a comunicação, mesmo que "apenas" verbal. Boa parte deles acha que gramática é só um monte de regras chatas que só se aplicam a quem quer escrever ou lecionar.
Como sempre, Luri, seus textos trazem reflexão e assim fazem com que eu sinta menos culpa por estar aqui procrastinando :)
Um aspecto que eu não achei espaço pra colocar no texto mas que fica implícito na fala da Úrsula é que a técnica, com o tempo, vira intuição. Ela enriquece esse processo que parece automático e que as pessoas ficam tão fascinadas quando pensam no fazer artístico.
Exato, precisamos de tempo e de prática para tirar da cabeça duas falácias: a de que aprender uma habilidade é algo "pra quem leva jeito" e de que arte é criada do nada.
*Lobos
A necessidade de teoria musical está [provavelmente] num gradiente, onde '0' é o tambor do xamã e '100' é uma sinfonia de Mozart, Beethoven ou Villa-L9bos [ou outros expoentes da música sinfônica].
Sou músico autodidata e vivi anos na mesma “arrogância” que você. O estudo teórico mudou tudo!
Mas gostaria de trazer um aspecto diferente pra discussão.
Sou desenvolvedor de software e percebo no mercado uma tendência similar: o foco é no fazer e não no entender.
Todo o marketing da minha área tem foco em cursos rápidos que levam de A a B rapidamente, sem fundamentação nenhuma. São úteis, mas seu conhecimento e sua carreira passam a ser uma colcha de retalhos, e isso logo se torna aparente.
Meu medo é que isto esteja se tornando o padrão em todas as áreas, como um reflexo da sociedade.
Obrigado pelo texto e pela reflexão!
Eu gosto muito de pensar na ideia de ofício, na escrita como ofício, e como ser apaixonado por esse fazer não é contrário a se aperfeiçoar. Na verdade, se amamos algo, queremos nos aproximar disso, conhecer mais, ver outras facetas. Estudar e aprender são formas de amar um ofício também. :)