Nota: Esta é uma crônica exclusiva para membros do Quintal. Veja todos os textos exclusivos aqui.
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Ela estava lá, sentada no sofá. Pernas em cima do pufe, costas reclinadas, numa posição confortável. Dessa vez, trouxe o computador, sabendo que em algum momento nossas agendas iam divergir um pouco, apesar de estarmos os dois no mesmo espaço doméstico.
Essa não foi a primeira vez que ela passou algum tempo aqui em casa. Também não foi a primeira vez que se permitiu ficar à vontade. Mas foi a primeira vez que eu notei que estávamos juntos e sem planos.
Eu aqui, ela lá.
Começar um relacionamento tem uma fase na qual tudo é sobre os planos do que fazer juntos. Onde vão comer, o que vão assistir, qual bar vão conhecer. É diferente dos planos que aparecem mais pra frente, que começam a ser sobre o futuro distante, o que realmente se quer fazer da vida em conjunto. Os planos do começo são sobre o que fazer hoje ou, no máximo, no próximo final de semana.
Vamos ser sinceros. Todo mundo consegue fazer algo com alguém. Agora, se reunir para fazer nada é um nível de intimidade possível, mas bem mais raro.
Essa percepção de "estar junto e sem planos" é quase um marco da intimidade: deixa de ser sobre atividades e começa a ser sobre a companhia em si, sobre o conforto de saber que a pessoa está ali, em um espaço de pertencimento mútuo.
É algo específico e forte. Merecia uma palavra própria.