Nota: Se você quer começar um Substack e não sabe por onde, estou criando um curso pra te ajudar — e vou liberar só 10 vagas para a primeira turma. Quer ser avisado quando sair? Entre na lista de espera.
Tenho uma teoria, tirada diretamente do Instituto DataLuri, de que nós repetimos os mesmos padrões de comportamento com as diferentes aparências com as quais vamos nos deparando. Eu, por exemplo, da mesma forma como me culpo e me cobro muito com meus hobbies e paixões, também sou assim com meus relacionamentos e no trabalho.
Desde uma certa fase da vida, venho sendo essa pessoa que acha que precisa dar mais. Não em um sentido de generosidade e compaixão — o que seria maravilhoso. Mas, devo confessar que, sim, de um lugar de cobrança e, às vezes, até de autoviolência.
Eu tenho essa forte tendência a acreditar que, se eu não estou suando a camisa, sangrando pelos poros enquanto tento dar o meu melhor, talvez o que eu esteja entregando seja ruim. É raro eu estar confortável com minhas coisas.
Pois é, eu sei que é uma associação tosca. Afinal, é perfeitamente possível se esforçar demais pelas coisas erradas e ainda chegar ao final com algo feinho nas mãos.
Além disso, existe um efeito bem desagradável nessa forma de encarar os projetos. Você queima o fusível à toa e rápido. Tenho uma coleção enorme de iniciativas que foram apenas iniciativas mesmo. Já comecei canal de Youtube, projetos musicais malucos, blogs, livros, cursos, academia, novos hobbies… você pode listar à vontade.
É claro que há vantagens em ter explorado tanto. Aprendi muito sobre as diferentes formas como eu posso ser eu. E, talvez, não estivesse aqui escrevendo se não fossem essas experimentações. Tem um certo prazer na descoberta, na novidade, é verdade. É como se cada porta me apresentasse uma nova paleta de cores sobre o que realmente me move. Errando, a gente vai delineando alguns acertos.
Mas tem, claro, as desvantagens que se destacam. Sem uma dimensão de processo, sem entender que cada passo é parte de um percurso, percebo que caio num lugar bastante negativo, solidificando uma autoimagem de preguiçoso ou fracassado. É fácil me render à culpa e ficar ali mesmo, sofrendo. Esse também, muitas vezes, sou eu.
O problema é que, quando a atividade em si me demanda algum nível de afetividade, como é com a música ou com a escrita. Quanto mais eu amo, mais me sinto insuficiente e, num ato meio maluco, vou lentamente me distanciando.
Não demora muito o brilho da empolgação se desvanece e o esforço vai ficando insustentável.
O amor que cintilava e desenhava inúmeras qualidades irresistíveis daquela atividade, se torna uma busca sem muito retorno. A paixão dá lugar a um embotamento que, com o tempo, ao invés de atração, vira repulsa.
É como se, da mesma maneira que uma corda de violão muito apertada arrebenta na cara do instrumentista, vou notando que não dá pra me esforçar demais ou o corpo cria alguma maneira de me fazer parar, seja por meio de um resfriado ou de uma crise de burnout. Não é legal.
Daquela vez que fiz um voto de meditação, no qual eu teria que sentar pra praticar todos os dias durante um ano, sem falta, eu não fazia a menor ideia do quanto isso seria transformador. Sim, eu sabia que era totalmente o oposto do meu padrão de desistência, mas por algum motivo, eu realmente queria tentar. No começo, eu encarava uma hora, às vezes até mais. O sangue estava fervendo, a motivação estava alta. Tudo era fácil, divertido, interessante. Então, eu queria mais.
Não demorou muito, o padrão abaixou e eu comecei a reduzir o tempo de prática. Mais um pouco pra frente, eu criava desculpas para não praticar. Tudo que me afastava da meditação era não só tentador como bastante razoável. Ainda assim, quase que por milagre, eu consegui seguir.
Até que, em algum ponto, eu comecei a sentar por um minuto — e mesmo assim, fui criando novas camadas de dificuldade. Pense… um minuto.
Eu tinha essa imagem do grande meditante que eu seria se tivesse o tempo e os recursos, mas a verdade é que mesmo com todo tempo do mundo, minha disposição para encarar essa atividade simplesmente não estava lá. Inclusive, eu tinha uma vontade ativa de não praticar. Não era uma evitação passiva.
(Não é maluco imaginar que uma pessoa possa inventar desculpas para não dedicar um minuto a algo que, sem dúvidas, não só é importante como faz bem?)
A impressão que eu tenho, após ter feito esse exercício é de que esse padrão realmente extrapola pra tudo que eu faço. Foi assim com desenho, fotografia, design, atividade física e até com escrita.
E, agora, o treino tem sido baixar a bola da cobrança em prol de manter o jogo rolando, assim como fui fazendo com a prática de meditação.
A transformação está num nível que não é só descobrir como me relacionar com amor, mas também aprender a me relacionar com o próprio amor.
A questão acaba sendo descobrir um meio termo no qual você ainda consiga realizar o amor sem se violentar. Achar o ponto no qual você entrega a qualidade mínima que faz seu coração se alegrar sem, ao mesmo tempo, arrebentar a corda de tão esticada.
Às vezes, quando você está habituado a dar 120%, fica difícil compreender que 70% do esforço que você fazia já é bem legal. E, surpreendentemente, pode até abrir mão da modéstia por alguns instantes e perceber que já é o suficiente pra te posicionar bem em relação à média.
Como em qualquer relação, a leveza tem vantagens que os coaches e porta-vozes do capital nunca abrem a boca pra dizer: você não só se sente muito melhor na própria pele, como nota que pela via oposta ao esforço extenuante, acaba conseguindo sustentar suas atividades por períodos bem mais longos e de forma muito mais saudável, o que permite produzir — quem diria — com mais qualidade.
Eu entendo quando as pessoas dizem que é importante prestarmos atenção aos nossos sentimentos. Esse é um processo essencial, sem dúvidas, ainda mais em um mundo que tenta reprimir cada expressão autêntica que não gera lucro a certos bolsos. Por outro lado, enquanto mantenho as orelhas em pé, busco deixar minhas vozes internas em cheque. Ainda que elas indiquem buracos e lombadas no caminho, muitas vezes, elas exageram e se enganam. Normalmente, quanto mais aflitiva a voz, maiores as chances de que seguindo na direção oposta possa ter um baú do tesouro escondido.
Ao menos no meu caso, essa aflição nem sempre é propriamente uma aflição, mas um desconforto causado pela falta de hábito.
Percebo que, nesse momento, um dos meus grandes desafios é manter a escavação em relação a tudo que me envolvo. Não mais descobrir novas portas e explorar novos caminhos, mas seguir tentando entender o que tem após retirar cada pá de terra nesse metro quadrado onde decidi ficar.
Em um mundo que constantemente nos puxa para o próximo textinho curto, videozinho de trinta segundos e post resumido sobre a última tendência de comportamento da geração Z, tem algo não só de teimoso mas, ouso dizer, de revolucionário nessa postura.
Ouço de todos que passaram por essa barreira do tempo e da repetição, basicamente, a mesma coisa. Lá do outro lado, eventualmente, a coisa fica mais fácil.
Agora, não tem muito como saber. Sigo com um grau de curiosidade e de fé, mesmo sem ter ideia de onde vou parar.
Trago notíciaaaaas!
Essa vai ser uma semana movimentada por aqui. Em primeiro lugar, eu vou abrir 10 vagas do meu novo curso, o Ano 1: Como começar no Substack. Esse vem sendo meu foco há uns dois meses e, finalmente, chegou a hora de começar. É um curso sobre tudo que você precisa saber no seu primeiro ano: como entender quem você é e o que tem a oferecer, como criar um planejamento estratégico e um modelo editorial, entre outras cositas. Tudo zero complicação, mastigadinho, em esquemas que você preenche numa tarde.
Quero formar uma primeira turma para ouvir feedbacks e aperfeiçoar a minha entrega antes de liberar para todo mundo. Para isso, vou privilegiar quem se cadastrou na lista de espera com um desconto de 25%. Ainda dá tempo de entrar, é só deixar seu e-mail aqui.
A outra notícia é que no sábado, 10hrs da manhã, vai ter o primeiro encontro Destrava, um evento online exclusivo para apoiadores pagos, para receber aquele empurrão e tirar do papel seu projeto de escrita. Para participar, é só apoiar o Puxadinho que eu vou mandar o link no dia do evento.
E já estou me preparando para o mês que vem, porque é aniversário desta newsletter que mudou minha vida. Confesso que estou muito feliz e grato pela revolução que vem acontecendo e já ansioso para comemorar. 🥹
Destrave sua escrita e apoie a minha :)
Apoiando o Puxadinho, você me ajuda a manter esse espaço vivo e, em troca, eu te dou ferramentas para aprimorar a sua escrita, estimular sua criatividade e avançar com seus projetos. Mais detalhes aqui.
Caso prefira, pode fazer pelo pix luri@luri.me e me avisar aqui no chat que eu te adiciono ao plano.
Desde já, obrigado por acreditar num mundo com mais criatividade. :)
Manter uma newsletter é um dos maiores (e melhores!) exercícios de continuidade que tenho feito. Confirma, na prática, o título desse seu texto!
Tem uma parada que rola quando somos muito conscientes do quanto deixamos as coisas pra lá: quando começamos algo novo, empolgados, alguma coisa lá no fundo já fica esperando a empolgação passar. E talvez a gente queira que a empolgação dure pra sempre no modo turbo, mas na real faz parte do processo que a energia varie. Se for realmente importante, não deveria depender tanto assim da energia…
Mas falar é fácil rs