Vai se aproximando o final de mais um ciclo e, com ele, a hora do balanço.
Venho de uma temporada sem escrever muito, pois entrei num ciclo maluco de instabilidade que pediu meu foco nas situações mais urgentes do momento. Então, considerei essa como uma boa oportunidade para colocar os dedos para tamborilar o teclado novamente. :)
Como não sei fazer de outra forma, vou ser constrangedoramente aberto sobre o que rolou por aqui. Prepare-se.
Um início conturbado
Meu ano começou como o pior da minha vida. No final de 2021 eu me meti em diversas furadas, estava completamente perdido e desmotivado como profissional, sem saber exatamente o que eu queria.
De repente, tive meu salário cortado pela metade, me desesperei totalmente, fui roubado e, pra piorar, fiz várias burradas que me atolaram ainda mais. Até minha bicicleta foi furtada.
Não brinco quando digo que me desesperei, eu realmente não sabia o que fazer, pensava obsessivamente nos problemas, tentei encontrar soluções imediatas e acabei me ferrando ainda mais.
Meu processo pra sair disso foi longo. Envolveu aceitação, paciência e muita, muita dor.
Falecimentos na família e separação
Esse ano perdi meu avô, que foi quem me criou depois que fui abandonado pelo meu pai. Junto a isso, perdemos meu sogro. Há pouco tempo, minha companheira optou pela separação.
Foi um ano com partidas significativas, que abalaram meu núcleo familiar e trouxeram vários desafios e necessidade de adaptação em um momento que já não estava fácil.
Concluí um voto de um ano de meditação
Mas nem só de tragédias e partidas foi feito esse ciclo.
Ano passado eu tinha feito um voto de meditar todos os dias por um ano. Em abril consegui terminar o voto. Estou bem mais próximo do darma, sinto que minha mente se transformou no processo e foi a semente de tudo de positivo que se seguiu, uma vez que mudou como me relaciono com a disciplina. Colho os benefícios disso até agora.
De lá pra cá eu continuei engajado em práticas meditativas com muito mais afinco, de uma forma que nunca tinha conseguido antes.
Escrevi em detalhes sobre nesse post.
Iniciei essa newsletter, o Puxadinho do Luri
Eu resolvi voltar a escrever.
Isso aqui mudou minha vida. Eu, que sempre me senti um alienígena por onde andava, agora vejo como é absurdamente incrível me perceber cercado de pessoas que gostam do que faço e que, de muitas maneiras, são como eu.
Tive um texto que saiu na newsletter do Tecmundo, a The Brief (e em vários outros lugares).
Comecei a receber apoio de diversos leitores, o que já estou usando pra financiar algumas novas empreitadas criativas.
Mas acho que o principal feito foi manter a média de publicação semanal. Até tive alguns momentos nos quais publiquei duas ou três vezes na semana. Nunca fiz nada assim, então, pra mim foi uma realização.
Lancei meu primeiro álbum, o Espaço Interior
Dois anos de trabalho e, finalmente, consegui fazer o lançamento do Espaço Interior. Meu primeiro disco, uma baita realização e contei com a ajuda de pessoas incríveis como Leo Chaves, Fil Alencar, Mateus Estrela, Thaysa Pizzolato, Jackson Pinheiro e Leonardo Cavalcante. Fico muito feliz por ter conseguido colocar ele no mundo porque é um sonho que se concretiza. Caso ainda não tenha ouvido, dá o play agora. Já!
Fiz uma live session com banda, Espaço Interior Ao Vivo (que virou um EP)
Junto com o Espaço Interior, lancei vídeos com as músicas tocadas ao vivo com uma super banda incrível e, em seguida, soltei como um EP ao vivo nos streamings. Mais um trabalho que contou com o apoio da Secult-ES e uma equipe maravilhosa, com as meninas da Perpétua Produções liderando a produção executiva. Quando percebi, tinha cerca de 15 pessoas comigo num dia de trabalho realmente inesquecível.
Eu sempre quis gravar algo ao vivo com uma qualidade legal, então, foi outra baita realização. Você pode conferir a live no Spotify e em vídeo no Youtube.
Comecei um formato em vídeo pro Reels
Ainda experimentando novas ideias, comecei um formato em vídeo com narrações e imagens ao fundo, quase uma espécie de vídeo ensaio. Eu raramente trago minhas coisas de outras redes pra cá, mas acho que pode ser algo que você goste. Pra ver um exemplo, é só clicar aqui.
Comecei em uma nova profissão
Pensando em mudar de carreira, mirei no UX Writing e acertei o UX Research. Mas é isso aí. Paradoxalmente, me afastou um pouco da escrita, mas foi algo que me fez muito bem porque agora, todo meu impulso criativo como escritor e músico está concentrado na newsletter.
Eu não me desgasto tanto me torturando pra escrever coisas que não fazem sentido pra mim todos os dias. No final, a escrita virou um acessório porque o UX Researcher ainda escreve muito. Mas com a escrita não sendo mais o centro do serviço que eu preciso entregar, parece que algo ficou mais leve. Consigo separar bem o que é pra pagar boleto do que é pra satisfação pessoal.
Um minuto de sentimentalismo de final de ano
2022 se tornou, involuntariamente, um ano de encerramento de ciclos. Uma perda aqui, outra ali e, de repente, sua sabedoria se torna alvo de testes constantes. Não há como negar, foi um período mais doloroso que o habitual.
Mas ao mesmo tempo, não posso negar um outro olhar sobre tudo isso. Quando me mudei pra Vitória em 2019, eu não fazia ideia de que enfrentaria uma pandemia, teria minhas bases profissionais questionadas, depois passaria pelo pior perrengue financeiro de todos os tempos e ainda teria que arcar com os projetos que já estavam em andamento e tinham se tornado compromissos.
Assim, chego ao final desse ano um tanto surrado, mas ao mesmo tempo, realizado. Especialmente a parte sobre lançar o Puxadinho e dar vazão aos meus projetos criativos musicais têm um peso enorme quando calculo o que esse ano trouxe.
Talvez, mais do que os últimos anos, esse deixou marcas profundas em mim. Tanto pelas pessoas que perdi e por tudo que ficou pelo caminho, como pelo fato de que praticamente tudo que eu queria até aqui, de uma maneira ou outra, acabei realizando.
É estranho olhar para frente depois de rodopiar por tanto tempo. A gente acaba não sabendo o que fazer enquanto busca se recuperar da tontura. E, de uma certa forma, é assim que me sinto.
Enquanto o mundo segue girando e o final do ano continua perigosamente se aproximando, determinei uma posição de não mais tentar definir nada, mas sim de me abrir ao que possa acontecer nos próximos meses. Vamos ver em qual direção meu instinto começa a apontar.
Que venha 2023 e que a capacidade de atravessá-lo com sabedoria, sorrindo ou chorando, nunca nos abandone.
Agora vamos compartilhar histórias? Conta como foi seu ano por aí!
Luri,
Luri, primeiro gostaria que vc soubesse que admiro muito as coisas que vc se propõe a fazer, te acompanhar tem sido muito acolhedor. =)
Quanto a retrospectiva, a sensação é de ter vivido dois anos em um, 2021 e 2022 se fundiram pra mim, o que mais me marcou dessa fusão foi lidar com questões internas que eu me recusava a enxergar mas como tudo faz parte do emaranhado isso afetou diversas áreas da minha vida, então foi um tempo de muito trabalho mental que continua seguindo mas com mais leveza, por enquanto, rsrsrsrsrs.
Que o bom ânimo não nos abandone nesse novo ano.
Abraço Luri.
Sou um pouco avesso a listas de balanço de final de ano. Mas reconheço que elas podem ser eficazes pra muita gente. Seu texto foi correto. Não foi nada piegas. E desejo muitas realizações pra você, Luri!
Meu ano teve 3 coisas positivas.
Consegui me livrar de um sufoco financeiro. Terminei um relacionamento que não tinha boas expectativas futuras. E ainda que não fosse contratado, fui testado em uma segunda etapa de um trabalho que quero fazer.
3 pequeninas vitórias. Um grande salto para ter mais foco e liberdade. Abraço!